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Poesia de William Shakespeare

"De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou."

William Shakespeare

Contos de Garotos: "A sensação de suas mãos"

   Talvez eu nunca pudesse descobrir o gosto da liberdade, o gosto de ser puramente eu, sem regras ou sem ser politicamente correto. Eu tive que ir contra a maré, usei de força, muita força. Para que eu chegasse até ele, com todo esse turbilhão sobre mim, tive que andar sobre um deserto com espinhosos julgamentos, me escondi, fui bandido, mentiroso.
   Confesso que não sabia direito o que queria, estava escuro por todos os lados que eu fosse. Ele estava aqui e eu também, mas estava mais perdido do que eu. 
   Um dia, ficamos juntos, apenas isso, amigos que não conversavam, só se olhavam no ápice do desespero de querer, mas nada além. Lembro que foi um dia de reunião entre amigos, marcamos pra assistir um filme. 
   Eu sempre o queria aqui perto, mas não dava. Nem ao menos conversávamos.
   O filme havia começado, luzes apagadas, cobertas, ele estava deitado sobre o sofá e eu no chão, quase que encostado nele, eu queria e ele sabia, tanto que não evitou que eu pudesse sentir sua respiração no meu pescoço. 
   Ele sempre foi meio introvertido, bem tímido, mas sempre sabia minhas intenções, era incrível. Quando menos esperava, eu lhe pegava olhando e tentando descobrir o que eu estava pensando. 
   Deixei o braço sobre o sofá, o mais perto que pude dele, até que encostou nele. Eu achei que estava exagerando, forçando, ele não queria, nunca respondeu as minhas insinuações, porque seria agora, com todos em volta? Tentei recuar meu braço lentamente, afim de evitar com que todos percebessem que estava quase tentando o abraçar. 
   Mas ele pegou minha mão, assim mesmo, rapidamente. Eu me assustei, mas ele entrelaçou seus dedos nos meus e puxou para dentro do cobertor, discreto. 
   Eu estava nervoso, finalmente ele havia respondido os sinais que á tanto tempo venho dando. Nossas mãos começaram a suar, e eu apertei a mão dele com força, como se eu não quisesse mais soltá-la, eu estava com ele.
   O filme estava acabando, rapidamente soltamos as mãos, como se nada tivesse acontecido. Ninguém pode ver, e acho que nem ele mesmo pode sentir o que eu sentí. Ficou mais difícil ainda olhar para ele quando as luzes acenderam, e tudo voltara ao normal. Não estava tudo normal. Eu fiquei mal, fiquei perdido. Fiquei trancado naquele dia.